quarta-feira, 27 de agosto de 2008

COISAS QUE EU SEI

Quando comecei o blog disse que além da minha paixão por viajar eu também amo música. E essa composição de Dudu Falcão interpretada por Danni Carlos (xará) me descreve em muitos aspectos, principalmente o momento em que me encontro - Coisas Que Eu Sei... As fotos de minhas viagens e encontros com amigos monstram isso nitidamente...


Eu quero ficar perto
De tudo que acho certo
Até o dia em que eu
Mudar de opinião
A minha experiência
Meu pacto com a ciência
Meu conhecimento
É minha distração...







Coisas que eu sei
Eu adivinho
Sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei
O meu rádio relógio
Mostra o tempo errado
Aperte o Play...





Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer
Na minha confusão
É o meu ponto de vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado
Pra visitação...




Coisas que eu sei
O medo mora perto
Das idéias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim
Não vou trocar de roupa
É minha lei...





Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais
Depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro
Do que eu desenhei...





Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas
No meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos
Que eu não sei usar
Eu já comprei...












As vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo
Mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre
Quando tô a fim...





Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Agora eu sei...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

FICAR FICANDO EM LA VENEZUELA - PARTE II

A filosofia do ficar ficando começou com a turminha sem mim em Natal, em 2006. A galera terminou o curso e foi para a Praia da Pipa. Eu tive que ir embora, pois iria ministrar capacitação na beira do Rio São Francisco para minha equipe técnica (às vezes dá uma raiva ser tão responsável!). A galera criou o ficar ficando de tanto ouvir as pessoas na praia falando com gerundismo.
Acordamos cedo para ir à Venezuela. Robson locou uma Zafira com motorista. Fomos em cinco: eu, Robson (nosso fotógrafo oficial), Van, Emerson e Fa. Gastamos R$ 25,00 por pessoa, com o carro pegando a gente na porta do hotel. Logo que entramos Emerson, nosso DJ, colocou um blues e seguimos viagem. Para entrar na cidade de Santa Helena, fronteira com o país, não precisa de passaporte, mas exigem o cartão internacional de febre amarela, vacina que tem que ser injetada no mínimo dez dias antes da visita ao país. A estrada é linda com paisagem cheia de montanhas e com tribos indígenas com suas terras demarcadas, É o pé dos Andes. Teve uma hora que Emerson ficou viajando na paisagem e disse que ela parecia com a tela de abertura do window XT. E não é que ele tinha razão! Durante a viagem tínhamos que resolver um problema: Emerson e eu não tínhamos o cartão de vacinação contra a febre amarela, apesar de sermos vacinados. O motorista deu o "velho jeitinho brasileiro" - tomamos a vacina no posto e o motorista conversou com o guarda que liberou a nossa passagem - e sem "molhar a mão do guarda", coisa que não faço de jeito nenhum. Quando chegamos em Santa Helena descobrimos que era feriado nacional. A cidade estava cheia de tanques de guerra e iria acontecer um desfile cívico.

A cidade parece um verdadeiro faroeste. É o paraíso das compras e da gasolina (que se compra com centavos por lá e existem filas de carros brasileiros abastecendo). Quando chegamos lá trocamos o real pelo bolívar. Nunca vi tanto zero num só nota. Parecíamos que estávamos milionários. Compramos bebidas, pen drives, mochilas. Um litro de tequila que aqui custa R$70,00, lá custa R$27,00. Como o comércio iria fechar em uma hora e meia saímos correndo comprando as coisas debaixo de chuva. Como tudo ia fechar, compramos uma caixa de isopor, enchemos de gelo, cerveja latão e enérgico (que lá tem lata de um litro). Pegamos esta caixa de isopor e saímos andando pela cidade, dançamos na chuva e Van inventou de arrumar o cabelo no espelho de um carro que tinha um general dentro. Ele abaixou o vidro e deu uma bela encarada na Van que tratou de sair rapidinho dali. Fomos atrás de um lugar para almoçar e encontramos um restaurante de um colombiano. Foi o dia que consegui comer durante a viagem: sopa de galinha caipira. Lá encontramos uma figura incrível que se dizia da embaixada do Brasil na Bolívia. Também assistimos o desfile cívico dos tanques de guerra.



Robson correu para tirar fotos e uma mulher puxou o braço dele e começou a fazer uns grunhidos e fazendo gestos para ele não tirar fotos. Ela era muda e depois o pessoal veio falar que se tirássemos fotos poderíamos correr o risco de sermos preso. É um clima de estado ditatorial, mas a população idolatra o presidente Hugo Chávez e apoiam as ações dele. Saímos de Santa Helena umas quatro horas com o motorista impressionado como arrumamos coisa para fazer na cidade. Paramos na fronteira para tirar várias fotos. Durante a viagem abrimos a garrafa de tequila e fomos bebendo com energético. Era um pulando em cima do outro dentro do carro para pegar a cerveja que estava com o Robson no banco detrás. Chegamos no hotel totalmente loucos de cerveja e tequila e fomos nadar na piscina. Até tentamos ir no show do Roupa Nova, mas não conseguíamos sair do quarto conversando e se curtindo. Van e Fa viajaram de madrugada. Eu, Robson e Emerson fomos no dia seguinte e pegamos o vôo junto com a banda. Emerson disse que ainda bem que não fomos no show, pois com certeza os caras iriam nos reconhecer, pois íamos pagar tanto mico que eles não esqueceriam!



Essa figura diz que é da embaixada do Brasil na Venezuela!



Dançando na chuva en la Venezuela!








Parada para pipi! Marcando território!







Paisagem de Windows XP






Não vejo a hora de viajar novamente com essa galera que mora no meu coração e não paga aluguel!


FICAR FICANDO EM LA VENEZUELA - PARTE I

Hoje li um comentário sobre meu blog vindo da Venezuela e lembrei que ano passado estive em Santa Helena, cidade da fronteira com Roraima. Mas essa viagem começou em Boa Vista, capital de Roraima. É incrível ver uma cidade tão bonita e organizada e ao mesmo tempo tão longe de tudo. Fora a jornada de avião: sai de Aracaju, escala em Salvador, conexão em Brasília, escala em Manaus e daí Boa Vista. Em Manaus quase tive um troço quando vi o Rio Amazonas do avião. Minha vontade era de descer por lá mesmo. Fui para Boa Vista para o último encontro do Curso de Capacitação em Fundos Socioambientais Públicos, com o FNMA, com minha linda parceira de viagem Suany e ao encontro da turminha do "ficar ficando": Van, Deia, Robson, Emerson, Fa e Nazaré. Na chegada fomos à festa junina da cidade no camarote da prefeitura. A festa de lá é no mesmo estilo da de Parintins, com o mesmo tipo de música. Só que em menor proporção. As músicas contam histórias do estado por meio das danças. Muito bonito de ver.


Pela cidade passa o Rio Branco que tem uma orla toda organizada com barzinhos e uma bela vista (sem trocadilhos) do rio - é a Orla Tauamanan. O ecossistema amazônico ao qual estamos acostumados, com grandes árvores e floresta não existe por lá. É um ambiente de transição entre floresta e cerrado com buritis imensos e região bem plana. Quarenta por cento da população é de maranhenses e o resto de imigrantes do sul do país. Os próprios moradores dizem que "a coisa mais difícil de encontrar em Boa Vista é alguém nascido em Boa Vista". É uma cidade com muitas oportunidades, salários bem pagos e emprego disponível pelo fato do isolamento territorial. E isso a gente sente no ar: isolado. Tem um centro de turismo muito bem cuidado. Nunca entrei em um banheiro público tão cheiroso. O centro histórico está localizado às margens do rio, onde está a primeira igreja e ao lado a Sede da Fazenda que deu origem à cidade.


O Monumento aos Pioneiros, construído em 1995 pelo artista plástico Luíz Canará, reproduz o perfil do Monte Roraima e conta sobre o período da história do antigo território, com os elementos étnicos que formam o povo roraimense, suas tradições e costumes locais. O Monumento aos Garimpeiros foi feito em homenagem ao grande período em que o garimpo movimentava a economia local, na década de 70 e 80. Durante a semana tivemos aulas todos os dias e escapávamos um pouco à noite. Os preços dos hotéis não são tão caros e não se gasta muito na balada também. Tivemos dificuldade com as comidas nos restaurantes, pois eram muito gordurosas e com pouca salada. Mas sempre achávamos cerveja gelada.

A galera do curso ficava impressionada com a gente - ficávamos bebendo e conversando até de madrugada, mas 08:00 em ponto estávamos no curso. Só fugimos um dia que não precisavam tanto da gente para ir ao mercado municipal, onde comprei pimentas e condimentos locais. Lá a gerente do mercado foi atrás da gente para oferecer uma tal "vacina do sapo" que é alucinógena e cura qualquer doença. Pense se essa galera não tem cara e jeito de maluco! No último dia fechamos acordo com a churrascaria que ficava do lado do hotel com telão tocando rock só pra a galera do curso. Eu e Van que organizamos o evento (só pra variar como dizia Raul!). No dia seguinte na despedida choramos juntos e fui para o aeroporto deixando a galera no boteco. Quando estava na fila de embarque me deu uns cinco minutos e fui no guichê da TAM e troquei minha passagem para a segunda-feira e voltei para o boteco. Robson me recebeu com a mão com um pouco de cerveja devolvendo minhas lágrimas. Daí começou a sessão "ficar ficando": Emerson adiou a pssagem logo que cheguei; Robson disse que se Van adiasse a passagem ele também adiaria, e foi o que aconteceu; Fa já tinha adiado a dele.

Resultado: DIA SEGUINTE EM LA VENEZUELA.